Estória nº1 - Pensamentos à Chuva
>> sábado, 13 de novembro de 2010
Era um início de tarde. Provavelmente de um sábado ou um domingo. Chovia muito lá fora, como se alguém estivesse a limpar o chão lá de cima. O vento estava furioso, criava remoínhos por todos os lugares por onde passava. Brincava com as folhas amarelas e laranjas das árvores daquela maneira que só ele sabe. Fazia-as dançar a seu gosto, comandando todos os seus movimentos. Esta era a visão que ela tinha da janela do seu quarto. Estava sentada no largo parapeito a contemplar o mundo cheio de vida que existia fora do seu refúgio. Porem ela não via nada, apenas contemplava. Ela estava a ver o filme dos seus últimos dias e a meditar sobre tudo. Achava que tinha tudo o que há para ter, mas ao mesmo tempo um vazio frio fazia-se sentir por todo o seu corpo. Sentiu um arrepio e acordou daquele sono meditante. Nesse instante levantou-se, vestiu a sua gabardine azul escura, calçou as galochas da mesma cor e pegou nas chaves do carro. Atravessou o pátio e entrou dentro do carro. Sentia em si toda a coragem que tinha estado desaparecida durante meses. Conduziu até chegar ao seu destino sem pensar em nada mais que aquilo que a estava a mover. Quando lá chegou, parou o carro mesmo em frente à casa dele, saiu do carro e tocou à campaínha.
A porta abriu-se lentamente e lá estava ele. Sempre à espera dela com o maior sorriso do mundo. Ela deu-lhe um abraço tão grande que sentiu que os seus corpos se fundiram e voltaram a ser um só. Quando terminou o prolongado abraço ela pediu-lhe desculpa por o ter molhado e pediu para conversarem. A coragem corria-lhe nas veias com uma força incalculável. Finalmente ia dizer-lhe tudo o que lhe ia na alma, todos os sentimentos que nutria por ele. Tudo. Mais uma vez. Quando se sentaram no moderno sofá preto, de linhas a direito ele ajeitou-lhe o cabelo. Ela sorriu, finalmente. E não precisou de dizer nada. Ele desta vez percebeu. Envolveram-se num medroso e pequeno beijo, mas que tudo disse.
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