Tinha chegado o dia. Ela estava sentada em cima da cama a olhar deslumbradamente para o lindo vestido que iria vestir naquela noite. Já estava pronta. Cabelo esticadinho, maquilhagem subtil e unhas pintadas de um branco pouco opaco. Só faltava vestir o vestido. Mas não conseguia. Escolhera-o com o maior dos cuidados. Tinha que ser diferente, especial, lindo e elegante. Como ela. Mas não sentia vontade nenhuma de o vestir. O ser par para aquela noite de gala estava longe. Muito longe. Longe demais. Ela achava que só fazia sentido vestir aquele vestido se estivesse à beira dele. Mas ele não vinha. Ela sabia bem disso. Então, decidiu deixar-se de lamuriar e vestiou o vestido. Viu-se ao espelho e ficou maravilhada consigo mesma. Nesse instante imaginou-o ali à beira dela a dizer-lhe o quao bonita estava, o quanto gostava dela, o quanto ela para ele era perfeita. Foi com aquele pensamento que saiu de casa. E assim ficou a noite toda, naquele sonho acordada, naquele sentir ausente. Ele estava sempre com ela e ela sabia disso. Ele não se cansava de lhe repetir as mesmas palavras sempre que ela dizia sentir saudades deles. No fim da noite viu ao longe uma silhueta que lhe parecia familiar. Colocou os óculos que estavam metodicamente guardados na carteira. Olhou novamente e viu-o. Ele tinha vindo por ela e para ela. Levou-a para casa e juntos foram embalados pelas saudades que os consumiam.
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